5 atividades de Português para ensinar de forma divertida (e com sentido)
5 de junho de 2025
“Ensinar com diversão” pode soar, para alguns, como uma promessa vazia ou uma tentativa de suavizar conteúdos que, na prática, são complexos e exigentes. Você, professor(a), sabe bem disso: o ensino da língua portuguesa exige sistematização, reflexão crítica e aprofundamento. Mas também sabe, ou talvez pressinta, que se não acolhermos o elemento lúdico, corremos o risco de transformar a experiência escolar em mera repetição de normas. Este blog nasce, então, como um convite: e se transformássemos as atividades de Português em experiências significativas, nas quais a leveza não anula a seriedade, e a criatividade não exclui o rigor?
Aqui vamos para propor cinco práticas que transitam entre o jogo e o conhecimento estruturado, entre o prazer estético e a competência linguística. Do ensino da caligrafia à organização de uma mostra literária, passando por práticas colaborativas e debates, as sugestões abaixo foram pensadas para quem sabe muito… mas não abre mão de fazer diferente.
Atividades de português
1. Caligrafia e ludicidade: não é só formar letras, é formar sujeitos
Sabemos: o desenvolvimento da coordenação motora fina é uma das bases do processo de alfabetização e da consolidação da escrita manual. Mas o ensino da caligrafia não precisa, nem deve, restringir-se a sequências exaustivas de repetição gráfica.
A coleção Essa Mãozinha Vai Longe propõe justamente essa ampliação de perspectiva. Por meio de atividades lúdicas, com rimas, parlendas e jogos gráficos, oferece ao professor(a) a possibilidade de trabalhar aspectos linguísticos e motores de forma integrada, alinhada à BNCC e respeitando o ritmo singular de cada criança.
Para além de ensinar a traçar o “a” ou o “b” com precisão, trata-se de propor um exercício de autoria desde o início: ao copiar uma cantiga, ao ilustrar uma parlenda, a criança articula gesto, som, memória e significado. Esse é um ponto que, por vezes, o planejamento pedagógico negligencia: o quanto o trabalho com a forma pode ser também trabalho com o sentido? Fica a pergunta.
2. Gincana de gêneros textuais: o movimento como método
Você, que acompanha os desafios do ensino de gêneros textuais, já percebeu que a simples apresentação teórica não basta. Por mais bem planejada que seja a aula expositiva, o reconhecimento dos gêneros — narrativo, injuntivo, argumentativo, entre outros — só se consolida quando os estudantes experienciam, vivenciam e aplicam.
Propor uma gincana de gêneros textuais é uma estratégia que rompe com a passividade da sala de aula tradicional, transformando o aprendizado num circuito de ações, decisões e interações.
Cada estação pode ser um desafio: criar uma propaganda com linguagem injuntiva, escrever uma narrativa a partir de uma imagem ou reorganizar um texto desestruturado para torná-lo coeso e coerente.
O jogo, aqui, não é apenas pretexto para “animar” a aula. É uma metodologia que potencializa a aprendizagem ao articular corpo, emoção e intelecto. E, claro, sempre fica a dúvida: como você, professor(a), equilibra ludicidade e sistematização em sua prática? Essa tensão não se resolve, mas se habita.
3. Oficina de recortes: desmontar para reconstruir textos
Nenhum professor ou professora de língua portuguesa ignora: trabalhar coerência e coesão é uma das tarefas mais complexas e, ao mesmo tempo, mais urgentes da nossa prática pedagógica. Mas, em vez de restringir esse trabalho a exercícios descontextualizados, que tal propor uma oficina de recortes?
A dinâmica é simples, mas poderosa: distribua recortes de textos diversos (reportagens, propagandas, narrativas curtas) e desafie os grupos de alunos a reorganizá-los, criando um novo texto coeso e coerente.
Nesse processo, os estudantes aprendem sobre conectores, progressão temática e sequencialidade, enquanto vivenciam a experiência estética de construir e desconstruir sentidos. A aprendizagem se torna, assim, menos sobre memorizar o que é coesão e mais sobre sentir o que é um texto coeso.
4. RPG ortográfico: errar para aprender, narrar para corrigir
A ortografia, muitas vezes, aparece para os estudantes como um território árido, um campo minado de regras e exceções. Mas e se propusemos um deslocamento: transformar o domínio ortográfico numa aventura narrativa?
Ao propor um RPG ortográfico, o(a) professor(a) convida os alunos a criarem personagens, elaborarem enredos e, a partir desses textos, realizarem revisões ortográficas colaborativas.
O erro, nesse contexto, deixa de ser fonte de punição ou constrangimento e passa a ser parte do processo criativo. Revisar um diário de aventura ou um diálogo ficcional é, ao mesmo tempo, um exercício técnico e uma prática de autoria.
Esse tipo de atividade favorece, ainda, o desenvolvimento de competências socioemocionais: trabalhar em grupo, negociar sentidos, acolher críticas e reconhecer a potência de construir coletivamente.
LEIA TAMBÉM: Tinkering: a abordagem criativa que transforma salas de aula.
5. Mostra literária colaborativa: da sala para a comunidade
Por fim, uma proposta que extrapola os muros da escola: realizar uma mostra literária colaborativa, envolvendo alunos, professores e famílias.
A ideia é que os estudantes apresentem produções autorais como poemas, contos, peças, fanzines, podcasts ou releituras de clássicos da literatura, articulando oralidade, escrita e expressão artística.
Organizar esse evento implica múltiplas aprendizagens: planejamento, curadoria, expressão oral, escuta, mediação cultural. E, mais importante, transforma a língua portuguesa em uma experiência pública, compartilhada, afetiva.
Ao ocupar um espaço social com suas produções, os estudantes vivenciam, na prática, o que significa ser sujeito de linguagem, não apenas quem domina regras, mas quem cria sentidos e intervém no mundo.
Talvez seja esse, afinal, o maior objetivo das atividades de português: não só ensinar gramática ou interpretação, formar leitores e autores críticos, éticos e criativos.
Por que apostar em atividades criativas de Português?
Porque sabemos que o ensino da língua não se esgota em listas de exercícios ou provas padronizadas. Porque reconhecemos que nossos alunos precisam de experiências que mobilizem suas emoções, provoquem seu pensamento e ampliem suas possibilidades de expressão.
E porque acreditamos que você, professor(a), quer e pode transformar a sua prática, buscando novas formas de tornar o ensino mais significativo, criativo e prazeroso.
A pergunta que fica: qual dessas atividades você vai experimentar primeiro? Conta pra gente nas nossas redes sociais!